Seguidores

domingo, 14 de fevereiro de 2010

PESADELO

PESADELO

Estava no quarto, baby !
Estava no quarto, baby;
estava no quarto, deitado.
Girava de costas, ficava de lado,
meu Deus, que calor, chegou o verão.
Ouvi um barulho, era um ruidão !
Não era um chiado e nem um miado,
fiquei paralisado... de medo.

Talvez fosse tarde, acho que era cedo
para gritar por socorro... e agora ?
Chamei minha esposa e a minha nora,
eu que nem sequer tenho mulher.
Seria um rato, quem sabe um gato
ou um desses "baratos" quaisquer.

Mas, era apenas o vento
e eu, cabeça-de-vento,
não raciocinei.
Pensei ser um fantasma...
era um gato com asma,
juro que me apavorei !

"NATO" AZEVEDO (nov./1981)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

BELÉM, CIDADE MORENA

O poema a seguir foi Menção Honrosa no I Concurso Literário da FUNTELPA/Rádio Cultura FM (em set./1986) tendo sido publicado na coletânea (pag. 514) lançada em homenagem aos 371 anos de fundação da cidade de Belém, em 12 de janeiro de 1987:

FELIZ REGRESSO

Renasceu mais um dia
e é maior a minha alegria
por estar na terra querida.
Viver em Belém
dá um novo sabor à Vida,
um doce prazer a alma.
Dias claros, noites calmas
e a chuva lavando tudo.
Nas ruas o comércio confuso
de doces, roupas, comidas,
de frutas, brinquedos, bebidas,
à sombra dos mangueirais.

Sair de Belém?! Jamais !
Só aqui há bandeiras escarlates
onde está o líquido "chocolate"
e o dourado do gostoso tacacá.
Não gorgeiam como cá
as aves que por aí gorgeiam.
Belos rios nos rodeiam
com mil peixes, mil surpresas.
São tamanhas as belezas
dessa terra de maravilhas
que me fogem as palavras.
-- "Égua, estou de novo em casa...
eu agora estou em paz" !
-- "Sair de Belém ? Jamaaaais" !

"NATO" AZEVEDO
**************************************

TEMPOS LOUCOS

TEMPOS LOUCOS (revisado)


Acordei de manhã, meio morto, meio cru,
descabelado, faminto, meio nu.
Mordi o pão que o Diabo amassou.
Cuspi o café que o frio congelou.
Me olhei no espelho, pensei ser um bicho.
Olhei lá prá fora, o céu 'tava "um lixo".
Fui para a janela e vi lá embaixo
pontos e vírgulas, pessoas... eu acho!

Montes de coisas, de ferro, de estrume...
o ideal LIBERDADE, em giz num tapume.
E eu quiz voar prá longe de tudo,
ir ao fim do fundo,
ver o Inferno de perto.
.........................................
Lavo o rosto e bem desperto
vejo que são dez "da matina"
e volto à minha chata rotina.
Sou Luiz Lobo Cordeiro Leão...
nem Homem, nem ave, nem avião !

"NATO" AZEVEDO
OBS.: poema criado a partir do nome real
de um jovem gerente de banco, em 1980/RJ.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

CARNAVAL ARTIFICIAL

CARNAVAL ARTIFICIAL

I
Já se foi o tempo
de viver amando.
Já se foi o tempo
de sofrer, chorando.
Só existem agora
falsos sentimentos.
Já se foram embora
felizes momentos.

I I
Vou içar na brisa
desta manhã de folia
minha falsa alegria
e minha melancolia.
Pois na quarta-feira
é dia de luto,
é dia de luta
que a Vida é curta.

I I I
Somos vivos mortos
pela monotonia
de paredes-portas
vistas todo dia.
Vistas tod'os dias
dessa nossa vida
de poucas alegrias
e muito fingida.
"NATO" AZEVEDO

OBS.: composta em meados
de 1974/75 e recuperada da
memória senil em fev./2010.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

PALAVRAS AO VENTO (final)

TRECHO FINAL do projeto de livro de poemas (que seria intitulado "PALAVRAS AO VENTO") contendo também músicas e até uns "rabiscos" com pretensão a desenhos.

WALDEMAR HENRIQUE - O CANTO DA AMAZÔNIA

I
Quem são êles na avenida ?
"QUEM SÃO ÊLES" somos nós,
brasileiros paraenses
elevando a nossa voz,
em defesa das Diretas,
da comida e do lazer,
da liberdade e justiça,
já cansados de sofrer.

I I
Eu sou o que sou,
não o que querem que eu seja...
Cantar, sorrir e amar
é o que a gente deseja.

I I I
O "Uirapuru" da Amazônia
que encantou a nossos pais
no tempo de nossos avós,
hoje já não canta mais.
No coração de todos
deixou bonita lembrança.
Cantou o amor e a paz,
deu a todos esperança.

I V
"Hei de seguir teus passos"...
no "Trem de Alagoas" eu vou.
"Negra Dengosa", "Cabocla Malvada",
"Violeiro da Estrada" eu sou !

V
Hoje, nada disso mais existe...
estamos todos mudos, tristes,
que saudades do Passado.
Felicidade, ouve agora a nossa voz,
abre as asas sobre nós
e vem viver ao nosso lado.

V I (refrão)
Com WALDEMAR HENRIQUE
esqueça um pouco da Vida.
Cante, sambe e brinque
com "Quem São Êles" na avenida !

É a "QUEM SÃO ÊLES" na avenida...

"NATO" AZEVEDO
**************************************
OBS.: samba-enrêdo criado em 29/maio/1984, em meus primeiros dias no Pará, para participar do IX Festival da famosa Escola de Samba, de Belém. Infelizmente, morando na época na Vigia (a 112 km da capital), contratempos diversos me impediram de fazê-lo.
****************************************************************

ENRÊDO DE UMA VIDA

I
Sou...
um pedacinho de saudade
colorindo a avenida
e relembrando a mocidade.
As alegrias desta vida
vivo (que felicidade !)
com minha Escola tão querida.

I I
Quem samba, fique...
quem não samba vá embora.
Olha, Waldemar Henrique,
é chegada a nossa hora
de cantar as suas glórias
neste torrão brasileiro.
Paraenses altaneiros
o teu nome hoje entoam.
Tuas canções como ecoam
em teu e nosso coração.
É com muita emoção
que nos juntamos, no presente,
pra cantar alegremente
tua brasileira história
e reavivar a memória
deste Amigo e nosso irmão.

I I I (refrão)
WALDEMAR,
enrique estes nossos dias
com a sua Poesia
e sua musicalidade.
Nesta hora de saudade
sinta nossa gratidão.
Paz e amor, saúde abessa
te desejamos toda a vida.
Vem brincar, que a hora é essa...
com a gente na avenida.

"NATO" AZEVEDO

***********************************************

MINHA VIDA, MEU CAMINHO
(em 26/11/1988)

I
Nasci ouvindo-te sussurrar
em noite enluarada
que se espelhava (brilhando)
no teu corpo úmido.

Cresci a teu lado
com meus pais e avós,
irmãos e amigos.
Brincamos todos juntos,
vivemos todos muito,
alimentados por ti e
caminhando contigo
todas as horas, anos sem fim.

Em tempo de estio
minguamos ambos.
Vezes sem conta, na cheia,
transbordamos fartos
de douradas, pratiqueiras,
pacamuns, siris e até côcos.

I I
Um dia, a estradinha ensolarada
nos trouxe homens e máquinas,
progresso e mudança, cobiça e ambição.

Para o branco, tudo o que tínhamos...
para nós, um futuro sem nada !

Então, tudo acabou numa explosão:
na terra dos antepassados, ouro e morte;
nos rios de todos nós mercúrio e morte.

Hoje, sou apenas cruz tôsca
ao lado deste rio
que já foi (como eu) Vida !
"NATO" AZEVEDO

***************************************************

PELEJA DE MANOEL FULGÊNCIO
CONTRA "TOTÓ" E "NATO" (início)



I
Belém é uma cidade caprichada,
verdejante e de clima bem ameno
onde o povo aprende desde pequeno
catar manga nas ruas, nas calçadas
e logo que termina a chuvarada
a gente está pingando de suor.
Não tem gripe e a roupa é uma só
seja novembro, março ou agôsto.
Só uma coisa é que nos causa desgôsto:
são os ônibus o que tem de pior !

I I
A gente entra é uma zoeira danada,
o toca-fita está a todo volume.
Não adianta protesto nem queixume
que o "motora" não baixa a zoada.
Coletivo sem banco, vidro, nada
e sem trôco prá dar pro passageiro.
O drama se repete o ano inteiro,
não ter ônibus de noite é certeza.
O Pará é o único (que tristeza !)
em todo o território brasileiro.

I I I
Fora isso a Cidade é uma beleza,
parece um pedacinho lá da França
co'os adultos brincando feito criança
e a cidade integrada à Natureza.
Mangueiras colossais, verde riqueza;
nas casas jambeiros, amendoeiras
e a Vida lá se vai na brincadeira.
Paraíso inspirando escritores,
magna Musa de plebeus, de doutores,
lar feliz de todos a vida inteira.

I V
No ano dezenove oitenta e oito
no jornal "A PROVÍNCIA DO PARÁ"
sucedeu o que agora vou contar,
briga feia mas não de trinta-e-oito
e onde "bolacha" não era biscoito.
(CONTINUA, etc)
"NATO" AZEVEDO

OBS: arremedo de cordel com o esdrúxulo título de A PELEJA DE "FULGÊNCIO BATISTA" COM "TOTÓ" E "NATO", de minha lavra, narrando a batalha literária com 2 poetas de renome em Belém, que o trovador ANTÔNIO JURACI SIQUEIRA transformou em um famoso livreto de cordel, lançado na Capital em meados de 1997/98.
****************************************************


JARDIM DE TROVAS


Artista da Natureza,
Deus moldou com mãos de bamba
esse mar que é uma beleza,
com maré que canta e samba.

O mar com pobres parece
na virtude que Deus deu.
Tarda mas jamais esquece:
devolve o que não é seu.

Um arco-íris encantado
em mil tons de claro & escuro,
a foto é belo passado
presente em nosso futuro.

rimas feias (que importa !)
novas trovas vou compondo.
De pé quebrado, mão torta...
quero é continuar trovando !

Depois de tanto tormento
eu me descasei de fato.
O "poster" do casamento
virou foto 3 x 4 !

Mais um ano é passado...
um outro, novo, vem vindo
e o sonho náo-realizado
é esperança ressurgindo.

Ano Novo, vida nova...
um longo adeus vamos dando
ao velho, que se renova,
nas festas que vêm chegando.

Disse-me a esposa, atrevida:
-- "Eu vou de biquini à rua"!
Pensei que fosse vestida,
mas ela foi quase nua.

Deus nos deu tal esperança,
que nossas forças sustenta.
Nos virá sempre a bonança
depois da dura tormenta.

Quando o amor se desespera
na intensa dor da saudade
cada minuto de espera
parece uma eternidade.

Quando meu bem se despede
no triste aceno de um lenço,
junto ao adeus que sucede
eu sinto o beijo do vento.

A água que nos alimenta
e torna as vilas floridas
é a mesma que, na tormenta,
arrasa casas e vidas.

Todo jovem sem estudo
se parece com a estrada
que, à pretexto de ir a tudo,
às vezes não chega a nada.

Interrompida, fechada
ou livre e desimpedida,
perfeita ou esburacada...
bem a Estrada imita a Vida.

A Vida passa qual trem,
com variado itinerário,
andando num vai-e-vem
sempre no mesmo cenário.

A Vida é belo cenário
no qual cumprimos a sina
de rei, jogral, operário
e a Morte cerra a cortina.

Nação das mais desastradas
meu Brasil, num dito seco...
"seguiu por tantas estradas
mas acabou foi num bêco"!

Em tempos nada comuns
eis que a rua é, no fundo,
perdição e mal de alguns,
sustento de todo mundo.

Embora até não pareça
é qual coberta o salário
pois, quando cobre a cabeça,
descobre os pés do operário.

Com o coração na lua
e o pensamento disperso
olho o fim da minha rua
e vejo todo o Universo.

Presente de mágoas & dores
mas de passado tão belo,
nação de todas as cores...
meu Brasil verde-amarelo !

Jesus à Terra voltando
e, em guerra o mundo de lá,
sem hesitar e exultando
nasce em Belém... do Pará !

Sei que é verdade sentida
(parece até brincadeira):
de tanto "dançar" na vida
acabei na Capoeira.

Filho, acorda para a Vida,
do futuro siga o rumo.
Não use droga ou bebida,
não seja escravo do fumo.

Quando só na ampla casa
me vi chorando na mesa
na dor que o pranto extravasa...
foi saudade ou foi tristeza ?

Enquanto alguns têm no drama
triste orquestra de seu dia,
muita gente vive a chama
de uma eterna melodia.

Na Vida há caminhos loucos,
com belo ou triste cenário:
autoestrada para poucos,
prá maior parte calvário.

Tantos caminhos na Vida,
tão promissora a jornada...
indeciso na partida
me perdi na encruzilhada.

Resolvem tudo na roça:
febres, casórios,charadas...
são motivo até de troça
três santinhos camaradas.

-- "Filha, que enorme barriga,
o que sucede contigo"?!
-- "Mamãe, deve ser lombriga
ou inflamação do umbigo"!

Belo arauto é o carteiro
de mensagens de esperança,
aguardado mensageiro
da saudade e da lembrança.

Caminho é, em suma, a Vida
de fortuna, cruzes, dores;
alegre, dura ou sofrida
estrada de pedra e flores.

Na aula o mestre é só dilema
e tem problemas daí:
-- "Fessô, sei 'screvê porbema...
u pubrema é qui 'squici"!

Supera todos problemas,
dramas, infelicidade;
cruza a Vida e seus dilemas
conservando a dignidade.

Bem diz o velho ditado:
"não vá ao Mundo abraçando".
Quem a todos faz agrado
acaba desagradando.

Gaúcho que o vento embala
com ar de prazer profundo,
o campo é a tua sala
e as coxilhas são teu mundo.

Pior que o quiabo meloso
que nosso humor azeda
é o risinho pegajoso
dos que assistem nossa queda.

Só uns poucos, como o sol,
brilham em mil e um caminhos.
Muitos, qual triste farol,
passam a vida sozinhos.

Crianças se divertindo
na chuva, ao lado dos seus,
parecem anjos sorrindo
sendo banhados por Deus.

Quem faz troça da desgraça
do amigo esquece o ditado
de que fogo só tem graça
quando é na casa do lado.

-- "É tanta hoje a cobrança
(disse o velho, num suspiro)
que, tenho a desconfiança,
vão cobrar o ar que respiro"!

Se pedes a alguém dinheiro
tens, por justiça, entender
que o mandamento primeiro
é o dever de não dever.

Engoli "sapo" e "pepino"
mas o fiz inconformado,
que o que me deu o Destino
nunca foi do meu agrado.

Na escola a lição mais alta
é de sentido sublime:]
dever deveres é falta,
faltar ao dever é crime !

O Sol, que nos dá a vida,
às vezes por inclemência
destrói, arrasa, invalida,
impede a sobrevivência.

Dos absurdos dou risada
mas, às vezes, me confundo...
quem merece não ter nada
sonha ser dono do Mundo.

Na praia, de olhos tristonhos,
se o pensamento vagueia
sinto que a Vida e seus sonhos
são como água e areia.

As praias e os pobres têm
atitudes parecidas:
em constante vai-e-vem
vão levando suas vidas.

Brilha o sol e os raios seus
me dão imensa alegria
pois sei que, graças a Deus,
eu mereço mais um dia.

Chove muito, sem parar
e a chuva verdade encerra:
parece os céus a lavar
tod'os pecados da Terra.

O Mundo, Deus assim quiz,
faz-se sem nenhum favor
para alguns parque feliz
e, aos demais, circo de horror.

Esqueçamos desavenças,
êrros, ódios e deslizes.
Aplainemos diferenças...
sejamos, enfim, felizes.

No balanço da cadeira
a vovó, com alvas tranças,
recorda uma vida inteira
plena de belas lembranças.

Se acaso a Vida nos prostra
frente a seus mil e um perigos,
com surpresa ela nos mostra
os verdadeiros amigos.

Uma surpresa graúda
na vida de todos cabe:
quanto mais a gente estuda
vai vendo que menos sabe.

Ditado mais que perfeito,
que nos cabe muito bem:
nunca se está sdatisfeito
com a vida que se tem !

A mais sagrada verdade
na boca de quem não presta
vira, até sem má vontade,
mentira bem indigesta.

A mentira tem dois lados,
sei que isso ninguém desmente:
o dos que a ouvem calados
e o dos que a contam prá gente!
"NATO" AZEVEDO


(RESUMO da produção de 1995/98)

**********************************************

JARDIM DE TROVAS

Não preciso muito estudo
para um conselho à moçada:
não se meta em vale-tudo
se você não vale nada !

Velhas casa tão singelas
-- do Passado, monumento --
são as orquídeas mais belas
de uma selva de cimento.

Eis, na era da informática,
a conclusão que se tira:
é que a Verdade, na prática,
anda ao lado da mentira.

Se as dúvidas me consomem,
guardo certezas bem fundo:
pode haver vida sem o Homem,
mas sem Mulher não há Mundo.

Dos beijos, do abraço terno,
das juras e ramalhetes...
de nosso amor -- que era eterno --
só me sobraram bilhetes.

Levando a vida sozinha,
entre fantasmas e azias,
a velha senhora tinha
mania de ter manias.

Tempo é confuso dilema
que -- com surpresa imprevista --
passa veloz num cinema
e se arrasta no dentista.

Digo entre sério e risonho,
respondendo a seus apelos:
-- "A Vida é um belo sonho
com dois ou três pesadelos"!

Quantos retratos, memórias
guardadas nos camafeus
relatam mudas histórias
de amor, saudade e adeus.

A Vida sem fantasias
nessa loucura geral
que é o mundo de nossos dias
era hospício ou hospital.

No esporte, lazer ou lida,
em quase tudo, afinal,
há gente que faz da vida
um eterno carnaval.

Televisão (quem diria...)
que, em certos casos, atrasa,
põe mundos de fantasia
na sala de nossa casa.

De mil manias estava
tão cansado que, a meu ver,
ultimamente êle andava
com mania de morrer.

Se do antigo amor eu guardo
em um bilhete o perfume,
êle me recorda o fardo
que foi teu atroz ciúme.

Ao te dar o ramalhete,
me olhando sem emoção
despedaçaste o bilhete
e também meu coração.

Ter ambição não é pecar
mas, para muitos na vida,
fortuna é se ter um lar,
mulher, filhos e comida.

Se a fortuna bate à porta,
o que pensamos primeiro
é o que geralmente importa:
que seja muito dinheiro !

Vai o barco multicor...
navega pleno de graça,
tocando qual beija-flor
as terras por onde passa.

Ouça meu conselho drástico,
teus caros filhos desarma:
quem, hoje, "fere" com plástico,
amanhã mata com arma.

No sertão bravio o pobre,
perdida toda confiança
e sem água, pão nem cobre,
se sustenta de esperança.

Era tão pouca a fazenda
e tantos para enganar
que o ladino poz à venda
terra, em lotes, sob o mar.

Se oculto a dor, o desgosto,
o que o Tempo desmascara
é a máscara que, no rosto,
se faz às vezes de cara.

Fiz das máscaras escudo
a esconder-me dos fracassos.
Esfôrço inútil, contudo...
êles me têm em seus braços !

Palhaço desempregado,
sem máscara vou seguindo
tendo o mundo todo, ao lado,
da minha desgraça rindo.

Na Vida, no dia-a-dia,
digo com sinceridade
que os momentos de alegria
são a tal felicidade.

Rico, famoso, invejado,
o insuportável sujeito
tinha o defeito danado
de se achar sem um defeito.

A verdadeira virtude
passa ao largo da vaidade
e é reflexo da atitude
de servir com humildade.

Hoje, que o peso da idade
é o fardo mor de meus dias,
vejo que a felicidade
é recordar alegrias.

Diante do rosto bonito
eu digo e meu bem não crê
que, maior que o infinito,
é o meu amor por você.

Mais um milênio se finda
com trechos do mundo em guerra;
quantos se precisa ainda
para termos paz na Terra?

Diz na Fruteira o mascate
ao velho que lhe pede ôvo:
-- "Pro vovô só abacate...
ou, então, nascer de novo"!

Caso a canoa soçobre,
ir água abaixo não temo:
logo que as forças recobre
sigo montado no remo !

Quando a saudade exaspera
e o horizonte triste fito,
cada minuto de espera
até parece infinito.

Eu penso triste, indeciso,
que o infinito lhe daria
se ela me desse um sorriso
ou, pelo menos, "Bom Dia"!

Pobre Eva, nua e pagã
num paraíso perfeito,
depois de comer maçã
em tudo via defeito.

Aquele velho arquiteto
tem um pequeno defeito:
constrói janelas no teto
e portas com... parapeito.

Ondas que viram marola
são os sonhos de criança
que acalentamos na escola,
enquanto a idade avança.

O idoso que você vê
trêmulo, só desencanto,
foi jovem como você,
construiu, sonhou, fez tanto...

Range a carroça à distância
e o boi, num passo indolente,
me traz lebranças da infância,
faz do Passado... presente !

Na correnteza da Vida
-- cheia de sustos e medos --
multidões vão de vencida,
poucos são como rochedos.

De Marte a Vênus obscura,
no futuro o que nos resta
será imensa procura
por uma simples floresta.

São certamente os anseios
que constroem nossas vidas,
mesmo quando os devaneios
tornam-se ilusões perdidas.

O Poeta que canta a vida
com a luz da inspiração,
em sua trova sentida
traz muito do coração.

Na Antiguidade, o Hipócrates
com franqueza já dizia:
-- "Medicina... desde Sócrates
não admite hipocrisia"!

Deitado em rede de renda
penso com leve sorriso
que esta bonita fazenda
é a porta do Paraíso.

Fazendas, nunca te esqueças,
estranha emoção vão dando:
parecem quebra-cabeças
sem peça alguma faltando !

Humilde, pobre, roceiro,
sem rumo, sem pão nem norte
o migrante brasileiro
é um deserdado da sorte.

No Carnaval o menino
diz à mãe o que êle quer:
-- "Brincos, batom, salto fino...
fantasia de mulher"!

Se o João ía a passeio,
de vergonha êle morria
pois tudo nele é tão feio
que parece fantasia.

Nada ao acaso acontece
mas penso, em sonhos imerso,
que uma fazenda parece
a criação do Universo.

Desbravando imensidões,
quantas rudes caravelas
deram vida a mil nações,
trazendo o futuro nelas.

Se alguém fala em furacão
treme todo o vira-lata;
sob a cama do patrão
vê-se em espeto de prata.

Era tão magra a netinha
que o vovô, bem contrafeito,
viu no quarto da pestinha
um "esqueleto" no leito.

Ah, caravelas... gaivotas
que velejam na amplidão
buscando terras remotas,
com a fé no coração.

Sou um principe risonho
ou plebeu sem alegria:
apaga-se a luz do sonho
quando surge a luz do dia!

O que o escritor produz
ilumina a Humanidade
mais que as usinas de luz
de gigantesca cidade.

Quanta ruína, avidez
se vê em toda floresta
quando imensa estupidez
nos homens se manifesta.

Eis que vêm as caravelas
com emoção, força e cores;
avançadas sentinelas
de povos descobridores.

Com justos entre a canalha
findou-se o Mundo, caramba...
Descansado da gentalha
lá vai Deus cantando um samba.

Velando noites em claro
tem nos olhos meigo brilho:
ternura é presente raro
que toda mãe dá ao filho.

Sinto-me peixe no aquário...
sem norte ou sul vou sofrendo,
cumprindo humilde o fadário
de me imaginar vivendo !

TROVAR é rezar em versos,
colorir tempos insanos
onde os seres, tão dispersos,
nem parecem mais humanos.

As recordações de infância
-- qual pirilampo andarilho --
têm forma, luz e fragrância,
dando à Vida novo brilho.

Geme a velha, sussurrando,
enquanto a cama sacode:
-- "Ai, querido, desde quando
você tem esse... "bigode"?!

Este homem que a tantos deu
ajuda, casa e comida,
aplausos só recebeu
ao se despedir da Vida.

-- "Quero um bigode daquele"...
diz o guri com voz rouca.
-- "Vovô me disse que o dele
deixa a mulherada louca"!

Mais que os aplausos, quimera
enchendo os olhos de mel,
vale a crítica sincera
de um só amigo fiel.

Há homens que, desde cedo,
vivem em grande alvoroço:
só põem um anel no dedo
com a corda no pescoço.

Cobiça não nos convém,
fujamos sempre da intriga:
o que não se tem por bem,
por certo não vem com briga.

Nem o príncipe mais nobre,
com séquito e regimento,
tem a riqueza do pobre
que produz o seu sustento.

Chegamos a 2.000 anos !
Eis que o Mundo se renova...
mesmo entre mil desenganos
nos sobra o prazer da Trova.

"NATO" AZEVEDO
(OBS.: Seleção resumida das trovas
criadas no ano de 1999)

*********************************************

domingo, 7 de fevereiro de 2010

PALAVRAS AO VENTO (parte 1)

PALAVRAS AO VENTO

Idéias tristes da vida
eu as esqueço e abandono
de dia -- por muita lida,
de noite -- por muito sono.
BASTOS TIGRE

Se minha vida é toda dilema
eu escrevo, então, novo poema.
Mas há nele sempre um só senão:
êle é nada mais que um sonho vão!
"NATO" AZEVEDO - Um Só Senão

"(...) pois nascer, viver, morrer... tudo no
Mundo está irremediavelmente ligado".
EDGAR MORÍN


-- "Creio unicamente na Verdade. Acho que, durante a Vida toda, o Homem deve tentar aprender o ofício do homem e isso nada tem a ver com regras ou com escolas. Ensinam-nos a ser cristãos ou marxistas... só não nos ensinam a ser humanos.
Toda ideologia é uma prisão. Recuso-me a me deixar encerrar em qualquer uma delas ou a permitir que me colem etiquetas. É preciso ser livre de todos os compromissos (...) e seguir obstinadamente um caminho. É a única maneira de nos mantermos vivos.
Em todos os tempos os homens lutaram pela igualdade, liberdade e fraternidade. Hoje essas palavras estão inscritas nas fachadas de todos os edifícios públicos, mas acabaram perdendo o sentido. Continuam a nos mandar para a guerra... não importa qual e nós vamos !
É preciso ir buscar bem fundo dentro da realidade que nos cerca e, por vezes, nos sufoca a Verdade última, a chama inapagável que anima a Vida e dá sentido a todas as coisas."
ROBERTO ROSSELLINI
(entrevista do cineasta italiano ao
JORNAL DO BRASIL, Rio, 1977)

SOLILÓQUIO (prológo)
Neste livreto há apenas minha iniciação poética, igual em todos nós, singela vocação que desponta em arroubos sentimentais por instantes e volta a adormecer no peito logo após.
Nesta modesta obra estão quase 40 anos de fazer literário, de lazer por vezes doloroso ou quase sempre divertido na seara da Poesia, tropeçando nos degraus que nos levam à compreensão da Vida, das coisas, das pessoas e do Mundo.
O que está aí tem muito mais de desabafo íntimo (ou do íntimo) do que de obra planejada ou trabalho literário. São coisas simples de uma pessoa simples como quase todos neste país, com pouco estudo como a maioria e nenhum emprego, sobrevivendo aos trancos e barrancos como todo bom cidadão.
Este é um livro de pessoa para pessoa, que trata de sentimentos (através das palavras) e certamente sentimentos são o que o ser humano ainda tem de melhor, nessa aldeia global que minuto a minuto se deteriora sempre mais.
Portanto, este livro -- que pode parecer a alguns uma "salada" desconexa de imagens & palavras -- é somente uma forma pessoal e independente de ver & fazer as coisas, de contar e cantar o que vivo e o que sinto, com a Liberdade que a Poesia nos proporciona.
Divirtam-se com êle ou, então, passem-no adiante !

ANANINDEUA, Pará, BRASIL, maio de 2009
"NATO"AZEVEDO
*****************************************


PRECE FINAL

Quando a Morte, serpente traiçoeira,
me inocular veneno assaz malino,
aceitarei sereno o meu destino
por tê-la esperado a vida inteira.

Ingrato arbusto em selva sobranceira
-- a reclamar do fado, tronco fino --
frutos não dei nem sombra ao peregrino
e o lenho meu não queima na fogueira.

Sei, Senhor, que homem fui de mil pecados !
Aos olhos teus mereço só castigos
e partir desta em nau de condenados.

Eu, que vivi por tanto sob perigos,
almejo mais um dia nestes lados
para me despedir dos meus amigos.

"NATO" AZEVEDO
(ao Jorge da MATTA FREIRE / RJ)


***************************************

PRAZER NO PARAÍSO

I
-- "Onde está Eva" ?!,
perguntou Adão a seu Senhor
certa manhã.
-- "Onde é que Eva está" ?
-- "Com uma cobra enorme,
atrás do pé de maçã" !
(Acho que está perdida
esta donzela cristã !)

II
-- "Onde é que Eva está,
meu Deus do céu,
complicando o meu nome.
Onde é que Eva está...
(com mil diabos !)
tão longe do seu homem.
É que sem ela não como...
acho que vou passar fome" !

III
De sol a sol
dou meu suor,
trabalho feito mouro.
Do alvorecer
ao arrebol,
meu Deus, me arrancam o couro.
Mas Eva, minha mulher,
é meu grande tesouro.

IV
Eu não aguento mais,
vou perder o juízo
pois só Eva me traz
prazer no Paraíso.
Não é de reza... e nem paz,
é de mulher que eu preciso !

V
-- "É trabalhar
e jejuar,"
falou o Criador.
-- "À ela amar e procriar..."
Êle nos ordenou !
Mas sem Eva... (prá começar)
eu já nem sei quem sou !
"NATO" AZEVEDO


*****************************

BOAS FESTAS
(para Jomara Leite Guerra / RJ)

Mais um ano é passado...
um outro, novo, vem vindo.
Caminhos escuros vão indo,
clarões do Amanhã já chegando.
Nos restos da noite vagando
estrelas e o brilho da lua.
O calor de emoções em mil ruas,
no ar um clima de festa.

Há milênios, em noites como esta,
nossos sonhos revivem
e os desejos que tive
são iguais em todos nós.
E eu elevo a minha voz
para onde está meu coração
na ânsia de liberdade
e com a dor da saudade
ardendo em meu peito.

Então, fico sem jeito
com as doces lembranças
de "Você-Esperança",
"Você-Felicidade"!

(OBS: dedicatória de
foto, em 20/dez.1984)
"NATO" AZEVEDO



*********************************

VÔO LIVRE

Abra uma janela para o Mundo:
solte sua alma, libere o coração.
Viver é alegria, como o sol no caminho...
que a Vida é luz, é festa, é brilho e emoção !

O tempo é curto, passa,
as horas são de ouro
e o meu e o teu destino
nascem no coração.
Amigos são, na Vida,
nosso maior tesouro.
Faça de cada dia
uma bela canção !

A Vida não é gaiola mas sou como um passarinho
cantando alegre ou triste toda desilusão.
Sorrir é o que importa e a paz melhor caminho...
abra a sua porta que a Vida não é prisão.

Chegando ao FIM de tudo e começo do Nada
nos tornamos lembrança, tal qual bela canção.
Seguem nossos amigos as suas jornadas,
cantando nosso nome com carinho e emoção.
"NATO" AZEVEDO

**************************************

AMOR, AQUI VOU EU !

Sou
sombra de minha cidade.
Caçando a felicidade
ando de noite e de dia.
Cá,
caminho com minha inspiração.
Engano a (nossa) solidão
com risos de falsa alegria.

Vou
voando nas asas do vento,
viajo no meu pensamento
por mundos e cantos da Vida.
Estou estonteado de saudade
da imaginada Liberdade
por tantos tanto prometida.

Chegou
cheio de flores meu amor...
menina-moça, cheiro e côr,
sonho que não aconteceu.
Se foi
futuro meu sem esperanças;
presente que não traz lembranças;
passado que não se esqueceu.
"NATO" AZEVEDO


*********************

ASSIM COMO ERA NO PRINCÍPIO...

Cessa o dia... e a fauna a faina encerra,
se recolhendo aos ninhos, grata enfim,
por ver que a mão de Deus -- que jamais erra --
conduz a Natureza a um belo fim.

Há véus de sombra e medo sobre a Terra...
tingem-se os céus com tons de ouro e carmim.
A fôrça da amplidão o sol soterra.
Repete cada tarde o fatal fim.

A tocar as gaivotas, em revoada
-- despertando a saudade de um amor --
triste sino murmura lenta toada.

Torna a manhã, reprisa o esplendor...
eis que, na madrugada, a passarada
canta e festeja a glória do Senhor !

"NATO" AZEVEDO
**********************************


AMOR AMBÍGUO

Curva-te ao delírio
de ser formosa,
rainha entre as mais belas
e me fazes de escravo do desejo,
na vã cobiça
de seres somente minha.

Te toco as formas, curvas suaves
em pele de seda, de seda te cobres,
flor-sensação sobre meus lençóis,
oferecendo-se
aos melhores sonhos.
Perfuma-se-me a alma
com teu sumo & carne.
Dispa-se em pétalas de rosa
róseas...
Ah, deliciosa Rosa !
"NATO" AZEVEDO

********************************

A ÚLTIMA VONTADE

No burgo humilde, a fazenda com gado,
pastagens, aves, rio e até moinhos
era um colosso e seu dono apontado
-- se a cavalo saía -- nos caminhos.

No fim da vida o velho, espezinhado,
para apagar seus gestos tão mesquinhos,
em documento a cada empregado
doa quinhão de terra, lotezinhos.


Para a Igreja vai, por seu vigário,
considerável gleba, coisa boa
e o povo, em passeata, ao milionário

a cruel sovinice então perdoa.
Aberto o testamento, vê o notário:
-- "Tudo está sob as águas, na lagoa"!
"NATO" AZEVEDO


******************************
VAGA ILUSÃO

Se eu tivesse alguém... prá mim
incontinenti diria
que eternamente amaria
com um amor sem grau nem fim.

Mas, depois, eu ficaria
com imensa dor
de te dizer, meu amor,
que tudo é... monotonia,
que é falsa a nossa alegria,
que nosso amor... se acabou !



RECORDANDO VOCÊ !

Te perdi não sei quando !
E perdido ando
desde então !
Iluminado por teu sorriso,
agasalhado por teu carinho,
alimentado por teu amor...
vou seguindo sozinho
com um fio de esperança.
Sei que vivo ainda
sobre a tua lembrança,
JOMARA-linda !

"NATO" AZEVEDO
*********************************


CULTURA: CASA DE MESTRES

Lutamos sempre
com desenvoltura,
vencendo ou s
u
c
u
m
b
i
n
d
o
à realidade
-- desde pequeno e em qualquer idade --
sonhando construir
vida futura.

Por Deus
é dado a toda criatura
o dom de iluminar
A H U M A N I D A D E
e ser feliz, ter paz, tranquilidade,
livrando os
filhos seus
de toda agrura.


Mas a missão
que causa mais efeito
e tem do Mundo
R E C O N H E C I M E N T OI
é tratar a
Cultura
com respeito.

Pois tudo que há na Terra
hoje é feito
por homens e mulheres
de talento
que dos livros e cursos fazem leito.

"NATO" AZEVEDO

***************************************************

DOAR A SI

Eis que um pobre, dentre os demais, à espera
do Juízo Final que os mediria
vê, sobre a multidão que desespera,
o Deus que a legião de arcanjos guia.

Dirige-se ao Senhor e principia:
-- "Vivi por longos anos vida austera,
sem cobiça ou vaidade -- em lage fria --
qual cão sem dono que tudo tolera".

-- "Se nada pude dar pois nada tinha,
para ganhar o Céu fiz o preciso...
cumpri as vossas leis na vida minha".

-- "Tivesses dado ao próximo um sorriso
(replica o Criador) você já vinha
sentar entre os irmãos, no Paraíso


******************************
CAPITALISMO

I
Você tem sido vencido
há tanto, por tudo.
Por tantos, por surdos,
por turnos noturnos
na fábrica que fabrica "fábricas"
de neurose... de tuberculose.

I I
Você vai ser
assassinado
por turmas soturnas
em furnas diurnas
que te sugam e sangram.
Vença você...
suicide-se,
antes que te matem !



SONAMBULISMO

Sentado estou
por estas ruas
nuas e frias.
Esquinas vazias,
autovias
asfálticas, asmáticas,
asfixiantes.
Sons de gaita, tons de vozes
na minha cabeça
e ao meu lado... nada !
Silêncio, o negrume da noite,
o nascer da alvorada.
Sentado estou... morto de tédio !
Morto prá tudo... morto, enfim !
*******************

SOBRE VIVO...

I
Colorindo a noite
eu vou.
Colorindo a noite
estou
pelas ruas desertas
da cidade,
co'as janelas abertas
da saudade.

I I
Eu vou só
como nunca e sempre quiz.
Estou só,
mas me sinto bem feliz.
Pelas ruas sem nada
de tudo,
o silêncio me agrada...
(me iludo !)

I I I
Solidão e tristeza
me atacam
e a fome e a pobreza
me matam.
Lentamente a esperança
vai morrendo.
Só a desesperança
vive, vendo.

*************************************

TRANSUBSTANCIAÇÃO

Tempo demais se passa acumulando
riquezas e um poder que nos oprime
sem sequer ver que o pobre, ali vagando,
aguarda a caridade que redime.

E quando ao Mundo adeus nós formos dando
sem a nada levar, é quase um crime
não querer se doar, transubstanciando
a alheia dor em fé, gesto sublime.

Doemos nossos órgãos que a partida
vira canto de amor, belo estribilho,
a dar alento à gente desvalida.

Darei à existência raro brilho
ao transformar meu pó em nova vida,
pois se doou -- inteiro! -- o Deus-Filho.
***********************


RAÍZES NEGRAS DO MUNDO

(melodia: SILVIO GUEDES dos Santos/PA)

I (refrão)
Da África-mãe ao Brasil negro
recomeça a tua história, Negro.
Na luta de cada dia negro
Zumbi é você agora, Negro.

I I
O som do Brasil é negro
como o colorido de tudo;
como a dança de muitos países
e a paz que resta no Mundo.

I I I
No canto, na reza, na dança,
em nós revive a Mãe-África.
Onde estivermos bem
é nossa terra, é nossa pátria.

I V
Nós não nascemos iguais
mas somos todos irmãos
na terra que nos criou,
nas entranhas deste chão.

V (parte declamada)
Abre as asas sobre nós, Liberdade,
branca vela no mar azul desta vida.
Vem quebrar os grilhões da Verdade
prá renascer a alegria perdida.


(OBS.: na estrofe final, falada, inverteu-se
por engano o têrmo VERDADE, na gravação)
*************************************************

ABRE AS ASAS SOBRE NÓS...


Nos bancos escolares aprendi
que o Homem é feliz na sociedade
se tem educação e propriedade,
cultura e liberdade... eis o que li !

Mas vi -- vendo em irmãos necessidade --
que num mundo de escravos um Zumbi
se luta morre em vão, pois sempre cri
que não há cidadãos... sem igualdade.

Se não mais existir fome nem guerra,
ainda que tardio irá raiar
um tempo sem misérias sobre a Terra.

Bem sei que a LIBERDADE há de brilhar
-- em todo canto e pátria, em nossa terra --
quando houver pão e paz em cada lar.
***********************************

AÇÃO ENTRE AMIGOS



Vejo, sob a janela, dois meninos...
vêm de bela mansão, tosco sobrado.
Um, bem nutrido; o outro, ares mofinos
andando em brincadeiras, lado a lado.

A rua é vasto mundo aos pequeninos,
mas o melhor petiz fica chateado
ao ver o amigo pobre, fios finos
puxando uma latinha, envergonhado.

Um coração tão nobre -- lar sem jaça
da amizade mais pura -- em gesto terno
pega o carro nas mãos. Pela vidraça

eu vi trocar de dono o auto moderno:
-- "Toma este meu brinquedo... tem mais graça"!
E sai com o "carrinho", olhar fraterno.
**************************************

TEMPOS LOUCOS
Acordei de manhã, meio morto, meio cru,
descabelado, faminto, meio nu.
Mordi o pão que o Diabo amassou.
Cuspi o café que o frio congelou.
Me olhei no espelho, pensei ser um bicho.
Olhei lá prá fora, o céu 'tava "um lixo".
Fui para a janela e vi lá embaixo
pontos e vírgulas, pessoas... eu acho!

Montes de coisas, de ferro, de estrume...
o ideal LIBERDADE, em giz num tapume.
E eu quiz voar prá longe de tudo,
ir ao fim do fundo,
ver o Inferno de perto.
...............................................................................
Lavo o rosto e já desperto
vejo que são dez "da matina"
e volto à minha chata rotina.
Sou Luiz Lobo Cordeiro Leão...
nem Homem, nem pássaro, nem avião !
******************************

(A)NOTAÇÕES EM TOM MAIOR

O que seria do Homem
se só houvesse silêncio e trevas ?
Um mundo sem a ciranda dos ventos,
sem o chorinho das ondas,
sem a sonata das aves...
sem o acalanto do ventre da Terra
ao toque do Sol em si, mi(m), nós,
cá, lá... em todos, tudo !

Uma floresta muda, sem a orquestra
dos sêres que a colorem
e a Vida sem o tamborilar suave
ou o rufar surdo da chuva
no telhado de zinco do pobre.

O que seria do Mundo
sem o meu/teu/nosso canto
em qualquer canto,
bastante alegre ou quase um pranto...
lamento ou encanto
em oratório santo/palco profano/recanto
de rica mansão, humilde lar ?

Como é doce a canção
do primeiro grito, chôro ligeiro
do Verbo que se faz carne...
crescendo e multiplicando-se
em outras tantas canções, sons,
emoções -- sensações,
que fazem da Vida música
a (per)correr o Universo.

*********************************
A M I G O M A R
Sentado na areia, no meio do horizonte,
revejo o Passado, relembro o meu ontem.
Eu canto, eu me calo, não falo, não fumo
e nem tenho metas, nem planos, nem rumo.
Sentado, num dia de manhã bem fria,
na praia deserta, enorme, vazia,
eu tento ser eu, mas eu não sou nada...
sou pó e sou vento, sou céu, sou estrada.

Sou o barulho da água, o silêncio da nuvem.
Sou o jato que passa, que zune, que ruge.
Sou Deus, sou diabo, sou bom e sou mau.
Sou homem, sou mago, anjo e animal.

Mas não quero ser nada, nem ter, nem poder.
Só quero liberdade, só quero viver
com felicidade, com um lar, com você !


(Dedicado ao amigo José Lucílio Guerra,
em 1984, em Copacabana, no Rio)

*******************************************


CINEMA MUDO
Na tela embaçada da memória
revejo coisas, rios, vilas, fatos,
grades e quartos, creches, internatos
e tantas cenas mais de antiga história.

Se nela "flashes" há de alguns maltratos,
instantes tem também de certa glória
e um correto viver entre a escória
e a gente de valor, homens ou "ratos".

Dos dramas, sonhos, só o que resiste
de mil imagens (côres, cheiros, sons,)
é a de menino num barraco triste,

abraçado ao coelhinho com bombons,
provando que a felicidade existe
em locais e momentos nada bons.
*************************
DE MIM PARA VOCÊ
(baseado em melodia para
violão, de MÁRCIA, da Lagoa/RJ)

I
Eu, ontem à noite, pensei em você
e nas coisas que vimos, vivemos.
Eu passei a noite pensando em você
e em tudo o que somos e cremos.
E nesta manhã de sol, céu azul,
nuvens que passam são sem importância.
Igual eu e você, o amor que nos une
resiste ao ciúme e a tudo que desune.
(...e a tudo que desune!)

(refrão/bis)
Sem você... sou tão triste.
Sem você... nada existe !

I I
Se, ontem à noite, pensei em você...
eu, nesta manhã, pensei muito mais.
Eu, que chorei à noite sem saber porquê,
acordei de manhã sorrindo e em paz.
O calor do sol me lembra você;
no mar, céu, no ar, eu vejo você
e tudo nesse Mundo me faz crer
que eu vivo e existo só para você.
(...só para você!)
**************************

MENSAGEM ESPECIAL

Sente-se Deus, completa a Criação,
tão infinitamente só que faz
un ser à sua imagem, mas a Adão
nem todo o Paraíso o satisfaz.

Este, mais solitário pede, então,
alguém que o complemente, um ser capaz
de -- dando-lhe amizade e compreensão --
trazer ao coração amor e paz.

Assim surge o carinho entre dois sêres:
mensagem que lhes fala sem dizeres,
gesto amigo que a nós faz tanto bem.

Carícia é todo toque sem malícia,
momento de prazer, meiga delícia
entre as espécies animais também.
****************************


NOVAS ESPERANÇAS

I
Vejam só...
mais um dia vai terminando,
velhas mágoas se afastando
e nós estamos sorrindo.
Vejam bem...
a última noite já vem chegando,
um nôvo ano anunciando
e nós estamos reunidos.

I I
Irmãos, amigos,
com novos sonhos e esperanças,
felizes feito crianças
e cheios de amor e paz.
Com a família
e tod'os que nos querem bem.
que não falte ninguém...
a festa vai ser demais !

I I I
Vem...
mas venha feliz, Nôvo Ano.
Afaste os meus desenganos
e me dê um coração nôvo.
Vem
e me traga novos amigos.
Me livre dos velhos perigos.
Me faça feliz, ANO NÔVO !

**************************
SOL SEM MANHÃS

Névoas...
trago névoas no olhar,
névoas também nos cabelos.
Restos de árvores esvoaçam
no que resta
de meus dias.


Eis-me, de novo,
na Estação à espera do trem
que te traz, sorrindo,
deusa num vestido azul.
Te ofereço maçãs, gostosas como você
e as palavras engasgam na garganta.


Então, tudo voa
o momento, sentimento, pensamentos
se vão, se vão.

Eis-me de novo, na estação
à espera do ônibus
que não vem
com você... que ficou no Passado
esperando palavras
engasgadas em minha garganta.


Então, tudo se foi...
menos os restos de amor
junto ao que sobrou dos trens
da velha Estação.
Triste outono,
com gôsto de maçãs
amargas, amaras.
E a Vida se (es)vai...

(dedicado ao escritor PAULO VALENÇA / PE)

*********************************
AMAR É SEMPRE... (A)VENTURA !

Que importa à flor se o rio não corresponde
a seu puro amor e segue, distante?
Com um corpo frio e alma inconstante
finge não ver o que flor não esconde.

E, se o te amar, já não te é bastante
e a meu louco olhar você não responde,
vou em ti pensar não importa onde
o Destino vá me levar, errante.

Bela rosa sou, desfolhada e triste,
que minha sina vou cumprir, serena,
na certeza eterna que o Amor existe.

Com o amor em mim a cruz é pequena
e minha alma pura luta, resiste,
porque sei que amar sempre vale a pena.

*******************************

DESTINO
Como o Rei dos Judeus, em priscas eras
-- condenado por falar a Verdade --
sou também vitimado por quimeras,
agindo entre os demais com lealdade.

Doa a quem fôr, Traição e Falsidade
não me têm em seus braços de megeras,
pois não fala em meus atos a vaidade
de quem opta em dizer loas não-veras.

Me dôo, a cada passo, do meu jeito
e, ao fim do dia, deito-me no leito,
tendo sido com cada um o mesmo.

Vou com sinceridade -- desde a aurora
até o poente -- a vida toda, embora
caminhe sem amigos, só... a êsmo !

********************
TRILOGIA AO POETA

VINHETA

Unir o raro, o belo
à simplicidade da forma
provou-se possível !

O Poeta sabe...
(: êle já o faz !)


HOMENAGEM

É tua riqueza este canto,
meu encanto
no meu recanto,
no canto de todos nós.

É minha a tua voz;
eu sinto, pressinto
ao escutá-lo...

Entre matas, rios, lendas,
é tua fortuna o canto,
Poeta vigilengo. (1)


REMINISCÊNCIA VÁRIA

1 : morde o jovem leão
ao Imortal
entre odes à sua Musa.

2 : nada melhor aos deuses
que os sorrisos dos amigos
entre sussurros de Baco...
e declamações (haja saco !)



1) OBS.: VIGILENGO ou vigiense se
refere ao natural de VIGIA DE NAZARÉ,
cidade do interior do Pará, no Brasil.
2) o poema é em homenagem ao poeta
maior de Vigia, Prof. JOSÉ ILDONE,
autor de "A Hora do Galo".

***************************

PAZ, FONTE DE LUZ
I
Renasceu mais um dia
e estou vivo (graças a Deus !).
Tenho muitos amigos
e tudo o que preciso...
estou perto dos meus.
Vida, sol e alegrias:
prá mim vem tudo de Deus !

I I
A Paz que o Mundo precisa
começa aqui nesta rua:
na minha casa, na sua
e dentro da nossa mente.
Tratar bem os animais
e respeitar toda gente...
é lutar pela paz
ajudar os mais carentes.

I I I
Fazer a paz nada custa;
manter a guerra é tão caro
e é um bem necessário
matar a fome do Mundo.
Amemos a Natureza
e tudo o que Deus nos deu.
Esqueça a sua tristeza;
viva feliz com o que é seu !

I V (refrão)
Admira teus pais,
para as crianças sorrí !
A Paz que o Mundo precisa
começa dentro de ti !

*********************************

ILHA DE PAZ EM MILHAS DE SOL


I
Soam em Belém
sinos, hinos, trinos, mimos,
as vozes de mil meninos
e suspiros também.
Voam em Belém
em curvas suaves, aves, naves,
nos ares e mares
da Cidade e além.
Vive em Belém
gente tão contente e quente,
sorridente, persistente,
para sempre... Amém !

I I
Cá...
vi Marias bem morenas, pequeninas,
já de idade, 'inda meninas,
cheias de amor e fé.
Lá...
vem Marias de tod'os lugares
direto aos altares
da Virgem de Nazaré.

I I I
É bem Belém
nos cantos das ruas
unhas e pupunhas,
"muambas" e "mumunhas"...
camelôs num vai-e-vem.
É tão Belém
frondosas mangueiras
sombreando feiras,
praças, largos, beiras...
tudo o que convém.

I V
Côres, falas, tons
de herança tupinambá.
Frutas, peixes. sons...
como iguais não há !
De beleza terna, calor sempiterno,
és "Noiva do Sol".
Yara guajarina, Cidade-menina:
BELÉM DO PARÁ !

(OBS.: as estrofes 2 e 3 podem
ficar no centro da página.)

************************************
CÔRES & VIDAS

As côres são como as Vidas
e, como estas, se misturam.
Côres mortas, côres vívidas...
vidas que fenecem ou duram.

Côres escuras com claras,
vidas fáceis com duras
e as que mais nos são caras
nos causam mais amarguras.

Mas Deus, arquiteto-mor
das côres e das Vidas,
e seu autor e senhor

ao apagar uma côr
apaga também uma Vida...
e nos causa profunda dor !


(N. do A.: escrita em1970, com as falhas
naturais de todo iniciante na Poesia.)

*******************************************

PAZ FINAL

Homens em guerra. Morte nas esquinas,
fogo, dor, fome, Apocalipse, luto.
Inquieto, o troar de bombas escuto
e, boquiaberto, contemplo chacinas.

Pelohorro das torpes cenas reluto
e, incrédulo, fito sangrentas minas
partindo vidas em fatias finas
e tornando escombro o Universo bruto.

Mas, na Natureza tão quieta e morta
eu vejo da paz a divina pomba
que, em sereno vôo, os ares corta.

Após o estouro da última bomba
a silhueta de Deus os céus recorta
e, então, saímos a dançar "kizomba".



***************************

RÉU CONFESSO

Eis a maçã,
fruta louçã
de polpa carnuda,
formosa e sexy.
-- "Que não peques...
nem tu, nem ela!",
nosso Deus formula.

Mas quem resiste
à carne polpuda,
rubra, morena?
À beleza dela
sucumbi... à gula.
-- "Comi a pequena"!

(ass.:) ADÃO


S O L I D Ã O

No silêncio da igreja
Te quero a meu lado
e relembro o Passado
perdido na distância.
Meus dias de infância
os anos na escola,
os jogos de bola
com meu irmão e amigos.
Alegrias, castigos...
a ausência dos pais.
Quantas coisas mais,
hoje, só lembranças
em dias sem esperanças
de noites todas iguais.
(Meu Deus, onde estais ?!)



*********************

FOR YOU, MY LOVE (parte 1)

Estou na janela, olhando a noite
e, nas asas do vento, sigo antigos caminhos.
Relembro teu sorriso e os teus carinhos,
teu corpo, teus olhos, cabelos e rosto.
Vejo em você as marcas do desgôsto
no olhar, na voz, no franzir da fronte.
.................................................................

E volto a mim vendo no horizonte
a luz avermelhada do amanhecer.
Sei que te fiz chorar, que te fiz sofrer.
Seja como o Céu, agora todo azul,
que ressurge brilhante, "beau-ti-ful",
mesmo que a Noite o tenha feito chorar.


(OBS.: textos criados a partir de música
de CLÁUDIA, em 20/09/1981, na Lagoa/RJ)


FOR YOU, MY LOVE (parte 2)

Sentada na sala deserta, vazia,
cercada de fantasmas de antepassados,
de amigos... novos, antigos, amados
mas apenas colegas, apenas pessoas.
Me vêm à mente tantas coisas boas
e cresce na sala a imagem querida,
que não é só corpo; é voz, é vida,
é carinho, é meiguice, é charme e calor,
alegria, prazer, ternura e amor,
e tudo de melhor que vivi no passado.

Daria minha vida para estar a teu lado
neste momento e nesta cidade.
E a tua, minha, nossa felicidade
seria a coisa mais certa do Mundo.
Sinto, amor, um desgôsto profundo
em ver que você não vê que eu vou
aonde você fôr, pois eu sei que sou
o amor que você quer para você !

(OBS.: o título em inglês poderá ser
trocado por PARA VOCÊ, MEU AMOR!)

*************************
UM SÓ SENÃO...

I
Já está surgindo a madrugada,
mas a vida em bares não é finda.
A moça morena não é amada
porém, mesmo assim, está tão linda.

I I
Todo mundo lá é tão risonho.
Há no ar odor de álcool e fumo.
Eu, por outro lado, só e tristonho,
com a minha dor sigo outro rumo.

I I I
Vago pela noite enluarada
sentindo no peito mil agonias.
Some já do céu a madrugada...
somem lá do céu estrelas vadias.

I V
Vejo delas o intenso lume
e é maior a treva de minh'alma.
Sinto de mil flores o perfume.
Preciso de amor e desta calma.

V
Se minha vida é toda dilema
eu escrevo, então, novo poema.
E há nele sempre um só senão:
êle é nada mais que um sonho vão!


**************************



NOITE FELIZ TROPICAL
I
Eis que, então, uma estrela riscou os céus...
não num deserto mas em fria floresta,
rasgando da negra noite os densos véus
sob o alarido de sêres mil em festa.

I I
E três cristãos sentindo chamado santo
partiram prestes por vales, montes, lagos,
rumo à gruta d'Aquele esperado há tanto,
tal qual fizeram antes os três Reis Magos !

I I I
O pescador lhe trouxe um peixinho de ouro
e o lavrador frutas e "uns grão di arrôis"
que, para ambos, era o maior tesouro.

I V
Mas ao vaqueiro, vindo pouco depois,
coube vestir o Menino-Deus de couro
ao som do côro de mugidos de bois.

************************************

2 MIL ESPINHOS

I
Agora estou
aqui pensando
que nunca estive
tão infeliz.
Eu quero e vou
te pedir cantando:
volta, meu bem,
que eu sempre te quiz!

I I
Você errou
e ambos sonhamos
que basta amar
ora se ser feliz.
Pensando assim
foi que nos casamos,
mas o Destino
juntos não nos quiz.

I I I
Mas, meu amor,
ao viver sozinho,
sem os teus carinhos
e teus beijos ternos.
Senti a dor
de 2 mil espinhos
e o meu caminho
virou um inferno.

I V
Volta, meu bem,
para os braços meus.
Me disseste "Adeus"...
não o faças mais.
Fique com quem
te traz felicidade.
Mate essa saudade
e me devolva a paz.



***************************************

ÚLTIMOS INSTANTES (24/03/1985)

Um dia você partiu !
Uma noite, aliás... ninguém viu !
O meu amigo de Capoeira,
das liberdades, das brincadeiras
ao som de músicas e de fantasias
enfrentou as armas da covardia
e, saltou, enfim, para a Morte.

Foi conhecer o Nada, tentar a sorte,
ter vida eterna, ser Eternidade.
Continuo aqui, morto de saudade,
desde a hora em que tu partiste.
Me levaste tudo, me deixaste triste.
Quem morreu fui eu... só você existe !

Homenagem póstuma a "Rubinho Tabajaras"
(Rubem Costa Satyro) assassinado na saída
de um baile funk no C. Regatas Botafogo em
30/set./1977, na véspera de meu aniversário.


******************************

MAR, DOCE MAR

Que escondes sob esse lençol azul,
sob essa imensidão gelada de silêncio,
sob a tua calma feita de água, ó mar?
Que monstros e que tesouros terás?
Mas monstros não serão tesouros
enriquecendo nossa pobre rotina
e fazendo palpitar as nossas vidas?
E os tesouros não serão monstros
que destroem a nossa paz
e consomem as nossas almas?

Que tememos em ti, sereno mar,
de cavernas de coral e fósseis vivos,
cemitério milenar de civilizações afogadas?
Não será a vida de nossos antepassados,
seu exemplo, sua filosofia, sua História?
Não será o pavor de rever tudo o que perdemos,
os valores que esquecemos, traímos, negamos?
Que tesouros do Passado nos escondes, ó mar !
E que monstros, no futuro, tu esconderás !
(em 24/agosto, 1985)

********************************************


VIGIA, BELA VIGIA

Escrevendo linhas brancas
no quadro mágico d'água
que logo depois apaga
o caminho do meu barco,
vou seguindo feliz...
Estou entre quem me quiz;
vivo entre a fé e a esperança,
navego entre crianças
e velhos jovens a sorrir.

Amigos a se reunir
nas casas, em tod'os lugares.
Noites de lindos luares,
dias de muito calor.
É VIGIA, toda em flor,
é a primavera nos ares.
Frutas, peixes, cheiro e côr...
paz e alegria nos lares !


****************************
VER-O-PÊSO: VIVER & SONHAR
I
Ao longe
solitária gaivota
revoa ao sol.
Nas feiras, nos barcos, nas ruas
pessoas e coisas
se misturam.
Lutar é viver (e, às vezes, vencer)
mas é sempre resistir.
É manhã no Ver-o-Pêso !

I I
Nas latas, pedaços de carne
de peixe, restos de tudo
sobre o fogo brando
e negro
que consome vidas.
Sub-viver é preciso;
navegar... nem sempre !
Meio-dia no Ver-o-Pêso !

I I I
Prantos no frio;
corpos no cio;
luzes de navios...
música & cores, risos no ar.
É noite no Ver-o-Pêso !

I V
Meninos sob tuas pedras,
homens sobre elas:
-- "Nós não temos pátria,
não temos roupa...
nada temos mais.
Resta-nos apenas Ver-o-Pêso
e reviver (ver nascer)
outro velho dia".

Lua de fogo
plana
entre céus e águas:
madrugada no Ver-o-Pêso !

Ao longe
solitária gaivota
revoa...


(Muitos vão ao Ver-o-Pêso somente para
sonhar. Este poema é dedicado aos poucos
que, sem sonhos, vivem lá. Em 06/04/88)


******************************

O PODER DA CRIAÇÃO

Pinta com mão divina céus e mares.
Pincela aqui e ali matas e serras.
Enfeita com estrela e ave os ares,
enchendo de animais águas e terras.


Do verde surgem flôres e pomares
e, com o grão poder que em Ti encerras,
dás vida ao sol e brilho aos luares,
traçando o mundo seu sem fome ou guerras.

É exíguo o tempo e o Autor esforços dobra;
retoca a tela se uma falha aponta
e em pinceladas dá por finda a obra.

O dia do "shabat" nos céus desponta...
Deus de um breve descanso se recobra:
"Manhã de Sol no Campo" surge pronta !

**************************

AD ASTRA PER ÁSPERA (*1)
(...entre céus & terras !)

I
Sós, num solo a dois,
irmanados
ao som do “hungu”
em vôos suaves
de fim de tarde,
desafiando a gravidade.


Rijo embate de corpos,
estratégias, espaços...
“pero sin perder la ternura”
e a compostura, jamais.
Energia em movimento,
senso & mente,
sentimento
num momento único,
ancestral-tribal.

II
Yê... grito gutural
a despertar mitos,
regenerar conflitos,
a retemperar o espírito
e afinar a alma,
afinal.


1*) N. do A.: antigo provérbio latino que significa
obter sucesso (atingir os astros) seguindo
por caminhos difíceis, árduos, ásperos.

***************************
LAR, DOCE LAR

A mãe, dona de casa, se atrapalha;
entre mil afazeres vai, se agita.
Enquanto com seus filhos ela ralha,
já na mansão madame corre aflita.

As empregadas chama, mostra a falha
e com todos reclama, "picha", grita,
sem ver que lá na esquina a vil gentalha
vive sob papelão que a casa imita.

Amigo, se tu tens comida e um canto,
esquece as suas mágoas, cessa o pranto,
que a Vida nos dá mais que merecemos.

Pois há gente dormindo na calçada,
sem lar, sem pão, sem leito e fé... sem nada,
enquanto imaginamos que sofremos.

*********************************

BUENAS, TCHÊ !

O minuano prenuncia saudades
e o cheiro doce
da terra
emoldura a paisagem.
Rios grandes, grandes lagos, pagos,
região de corações que falam
sem fronteiras
-- a separar emoções --
nem porteiras
a impedir o galope
do corcel negro...
LIBERDADE !


-- "Buenas, tchê"!
Lá vai o bravo gaúcho
a "cavalgar" coxilhas,
marcando com as esporas
das brancas botas (que luxo!)
o tempo
que o Tempo dá.
Corre o chimarrão amigo
entre mãos de companheiros.
filhos, netos,
do povo inteiro
que faz (e re-faz) a História.


-- "Buenas, tchê"!
Ser de um Brasil brasileiro
troteando, com-passado,
por vasto e florido chão...
segue em paz no seu tordilho
e ensina aos filhos dos filhos
que o sonho
do Amor se fez.

(ao Prof. NELSON HOFFMANN / RS)





******************************

UM CERTO ERRADO...

Chora a rodo Madalena
e o povo, surpreso, ao lado
a lhe ouvir a cantilena:
-- "Jesus está mal pregado"!

-- "A cruz é muito pequena
e o tronco é rude, enrugado"!
A ferreira viu, na cena,
cravo torto, enferrujado.

-- "O INRI na tabuleta
foi feito com tinta preta...
não sobressai, não se vê"!

-- "Esse sujeito barbudo,
maltrapilho, cabeludo...
é o Nazareno? Quem crê"?!




FATAL PROFECIA
I
Herodes, só por revide
aos boatos que indigentes
divulgam em tod'as frentes,
ordenou à tropa: -- "Ide...

I I
matem tod'os inocentes" !
(Quando um pecador reincide,
o Mal que nele reside
toma formas deprimentes.)

I I I
Eis que vem Jesus ao Mundo !
Para desgôsto profundo
de outras mães no vilarejo

I V
foram mortos tantos filhos.
A Vida seguiu seus trilhos,
plena de remorso e pejo.

********************************

DA RODA AO... AFEGANISTÃO

Em tempos de progresso supersônico
máquinas e instrumentos bem complexos
unem jovens por meio eletrônico
num amor virtual entre os três sexos.

Safenas, silicones, mil anexos
tornam o Homem moderno um ser biônico
deixando-nos atônitos, perplexos
e a mim -- poeta atômico -- afônico.

Da medicina aos carros, casa, jogos,
escolas, campos, fábricas de fogos,
refletem os avanços da invenção.

Com o Mundo futuro já traçado
vejo que até meu Deus foi "recriado"
e quedo, então, sem uma inspiração.




*********************************

COMO CÃES E GATOS

Desde que, em Jericó, sete trombetas
soaram aos judeus em santa guerra
que o Homem -- no pior dentre os planetas --
só vive combatendo, aqui na Terra.

Nação tão belicosa a paz emperra
e impede a união contando petas
de que a Democracia sempre encerra
morte e destruição, fome e muletas.

Mas eis que, à minha porta, oh Vida, tramas
lição de amor que o Mundo 'inda comporta:
a cadela feliz doando as mamas

aos filhinhos glutões da gata morta.
Enquanto as regiões estão em chamas,
um exemplo tão belo me conforta.

*********************************************

...COM O SUOR DO ROSTO !

Por entre as mãos calosas, forte o braço,
com água/fé/suor faz tal mistura
que da massa disforme -- passo a passo --
surge do imaginário a arte pura.

Trabalha em qualquer tempo... frio, mormaço
e molda o oleiro a microestrutura
de um Mundo desigual -- em pobre espaço --
cozendo em barro mole a vida dura.

Imagens vão surgindo em gestos suaves:
árvores, casas, naves, gente e aves
que se completam em clima singelo,

com louça e móveis de sala e cozinha
graças ao toque de fada-madrinha,
compondo um universo sempre



*************************
SONHOS REAIS
Lá longe
uma estrela reluz...
Tão longe...
que aos sonhos me conduz.
Estou no meu quarto
deitado, no escuro,
sonhando acordado,
pensando no futuro
e sonho... eu sonho !

Os sonhos não são sonhos
prá quem (os) quer realizar.
São certeza e esperança
prá quem sabe sonhar.
São visões do futuro
prá quem sabe o que quer.
É a fé em si mesmo,
seja eu homem ou mulher.
(Sejas homem ou mulher !)

Os sonhos são desejos
que queremos demais !
Um Mundo só de alegrias,
de progresso e de paz.
Estou no meu quarto
deitado, no escuro,
e, ao longe, uma estrela
brilhante me seduz.
Me aponta o futuro,
radiante como o dela,
bela fonte de luz.
E sonho... eu sonho !


********************************

AO MENOS UM DIA...

Às vezes eu tenho certeza
que a minha sorte acabou.
E vejo com muita tristeza
que a vida dura não findou.

São tantos sonhos, incertezas,
mil esperanças... para nada !
Me pego sentado na mesa,
o prato cheio só de mágoas.

Quem dera a Vida fosse bela
e o céu tão cinza mais azul;
o Tempo fluisse qual novela
e eu, na janela, a cantar blues.

Olho o Passado tão tristonho
e tudo é só melancolia.
Foi-se o futuro, planos, sonhos...
fiquei sem tudo o que queria.

(REFRÃO)
São tantos sonhos, tanta lida...
hoje eu me sinto tão cansado !
Ao menos um dia na Vida
quiz me sentir realizado.

*********************************

I L U S Ã O
I
Perdi você...
perdi você não sei porque!
Nem sei porque
perdi você...
não tem explicação,
ah, não tem não !

E fica em mim a sensação
de que esse amor foi ilusão.
Se fôr viver na solidão
eu morro de paixão.

I I
Pedi a você
uma explicação,
não sei porque, eu não sei não...
não sei porque razão
você se foi, então.

Explique ao coração
que não suporta a emoção
de te perder assim, sem não
considerar se há perdão.

I I I
Perdão, meu bem,
se eu errei ou se feri
não sei a quem...
não amo com certeza a mais ninguém
porque Você é o meu eterno bem.

E vou além...
declaro pouco importa a quem
que tanto amor não quer saber o que contém (*1)
e não se mede em dias/meses/anos nem
em NADA que abaixo dos céus se tem !

I V
Mas, sem ninguém,
vamos eu e você, porém
sabemos que isso não convém
a um amor que traz recordações.

Não vamos mais brigar à toa,
voltemos a ficar "na boa",
pois somos uma só pessoa
que tem em si 2 corações !
"NATO" AZEVEDO (6/nov. 2006)
***********************************************
OBS.: (*1) - esse verso pode ser
modificado, não faz muito sentido,
do jeito que está atualmente


**********************************


O MESMO VELHO BLUES
(10/abril/2008)

I
Se o país é um chiqueiro
de "vermes" e ladrões,
de "vampiros" e "anões"...
é terra sem futuro !

Se não há esperanças, tudo é escuro
num céu tão cinza, sem nada azul.
Se no fundo do túnel eu não vejo luz...
então, canto de novo
para todo o povo
o mesmo (e) velho blues.

I I
(refrão)
Se a Vida sufoca,
tudo é ruim.
Se não é assim
que se quer o dia
toda agonia
nunca jamais finda.

Se quero a alegria
a que faço juz...
então, canto de novo
junto do meu povo
o mesmo (e) velho blues.

I I I
Há mendigos nas ruas
com crianças nuas
e um povo de escravos
vive de centavos
sem leito nem pão,
enquanto o "barão"
gasta que nem louco.

Quando só um pouco
dado à sua volta
cessará a revolta
que ao pranto induz...
então, cante de novo
junto do teu povo
aquele velho blues.

********************************

TRISTE CAMINHO

I
Um dia ela partiu...
levou sonhos e planos,
o amor de tantos anos
e as promessas que fez.
Maços de velhas cartas,
fotos cheias de marcas,
a tudo ela descarta...
quanta insensatez !

I I
Eu, que sempre te amei,
jamais entenderei
onde foi que eu errei
e me ponho a chorar.
E, entre copos de vinho,
sigo a vida sozinho
te vendo em meu caminho,
prometendo voltar.

I I I
Quando o tempo passar
e a canção te tocar
você irá recordar
o que fomos nós dois.
Vais lembrar, então,
em meio à solidão
nossa bela paixão
tantos anos depois.

******************************
DE NAUS & PAUS, VELAS E VILAS,
MATAS & MANTAS, ORLAS E ILHAS
(ao Prof. JOSÉ ILDONE, "primus inter pares")



I
Vigiando tetos, soalhos, proas, lados,
um São José hodierno
acorda o dia -- (re/de)talhando
o esqueleto da nau-casa/caminhão
: andarilha cigana a beijar orlas
a roçar ilhas
a (per)correr milhas
se d(o)ando toda, trans(port)ando tudo.

No luciluzir do horizonte cinza
em frias manhãs de sol-lua azul
o "motorzinho" gargareja esperanças,
resmunga anseios de bons (neg)ócios...
rabiscando linhas brancas
(com suas cor-retas ancas)
no espelho negro d'água
(que Yara logo apaga).
-- "É hora do(s) galos', gelos, gulas enfim"!


I I
Descortina-se a manhã
no palco vivo do dia(-a-dia):
...e VIGIA (ainda) vigila
cochila tranquila
sem vândalos nem vendas,
só (boas-)vindas
e novas voltas
de belos vultos, cultos... muitos !

...e VIGIA (se des)vela, bela
por si. Pérola sagrada
no coração do Passado
(do Estado)
e onde vigem lendas (e p-rendas) lindas,
entre lonas, ondas e lundus...
"ad'onde" vigilengas
lentas limpas
ondulam no azul.

I I I
Pôr-do-sol, do sal, dos sons
no "Rabo da Ósga"
do Arapucão
: sensação / satisfação.
Sapo faz "own"
enquanto as sapas "ranam"
e as jias vadias -- vi-as pela vigia! --
gir(in)am nas pontas podres
de pedras a-paradas
das paredes pardas
do cais de pretas pedras
da provecta Igreja de Pedra.

Algures,
o milenar caboclo Plácido
tece derradeira prece
com fé
à vígil Virgem de Nazaré.

Alhures,
no negrume denso que une
céus, matas e água... (di)vaga
devagar andejo barco
à procura de pôrto-confôrto
praguejando rouco, cuspindo (n)água.

À tona,
no manto úmido lucescente,
em mantas/corsos/boanas
luzem prateadas douradas
vigiando os passos da Noite...
: e VIGIA ('inda) vigia
TODOS NÓS
...seu corpo, sua voz !

**********************************


CANÇÃO DA SOLIDÃO

I
Ia pelo parque
quando vi você.
Me disseste: -- "Alô,
vais aonde eu vou?"
Respondi-te: "Vamos!"
e as mãos nos damos,
sensações no corpo,
emoções no rosto
e o prazer na alma.

I I
Sorriso que acalma,
olhar de ternura,
beleza e candura
que jamais esqueço.
Que este começo
nunca tenha fim.
Que fiques junto a mim,
que nosso amor perdure.
-- "Por favor, não jures

I I I
Hoje estou tão triste,
só e sem você.
Nada mais existe
e eu nem sei porque.
Sonhos e ilusões...
tudo é passado.
Só recordações
ficaram a meu lado.
Nada resta agora
na minha lembrança.
Você foi embora
com minha esperança
e não voltou jamais.
E levou minha paz...

**********************************

VIVA A TROVA !

Hoje, a Vida se renova
e a fazer trovas me arrisco,
pondo o coração à prova
sob as bençãos de Francisco.

Poetas são sonhadores
que, com olhos bem abertos,
enchem o Mundo de flores,
semeando até em desertos.

Olhemos à nossa volta...
são tantos corpos sem alma!
Mas, se isso nos revolta,
fazer trovas nos acalma.

Trovar é rezar em versos,
colorir tempos insanos
onde os sêres, tão dispersos,
nem parecem mais humanos.

Nos cabe, então, o dever
de com modesta poesia
acordar no Homem o ser,
trazendo ao Mundo alegria.

Não só em 4 de outubro
pois a vida, o dia-a-dia
na Terra -- agora descubro! --
é nada. sem poesia.

***************************************

CABRAL -- A SAGA DOS 1500

Eis que estou no Tejo, ao balouçar da nave
e em pé, na proa, na expedição medito.
Vendo as treze irmãs, em seu deslizar suave,
sonho conquistas e nelas acredito.

Babel de rijos gajos, galgando vagas
firme segue a frota de nautas valentes
enfrentando oceano por ignotas plagas
que tosca ciência proclama existentes.

-- "Leme à sudeste, vençamos monstros, mares,
a febre, fome, peste e morte nos ares,
levados por anseios nobres, verdadeiros !"

-- "Avante, abril nos trará porto seguro
onde a língua e a fé hei de instalar, eu juro,
de nossa terra de heróis e marinheiros !"

F I M

sábado, 6 de fevereiro de 2010

PALAVRAS AO VENTO (capa/apresentação)



(colagem & côr de "Nato" Azevedo em desenho/HQ do francês CAZA, in 'Vent", Paris, publicada em NOTICIAS DOS QUADRINHOS, Rio/BR, em 1984.
********************************************************************************
Embora nesses novos tempos internéticos o têrmo PALAVRAS AO VENTO já tenha um dono (ou vários), informo a quem interessar possa que tal expressão foi titulo de um livreto meu de poemas e pensamentos -- além de ilustrações de autores diversos -- produzido em xerox em fins de 1984, no interior do Pará e do qual fiz nos últimos 20 anos mais de 80 cópias. Lamentavelmente, recente "incêndio" em agosto/2009 desapareceu com os originais do livreto, cuja outra metade (com texto invertido) se intitulava "VIAGEM AO NADA".
Abaixo, inicio a apresentação de minha produção poética, iniciada aos 15 anos, em 1967.
'NATO" AZEVEDO -- poeta, escritor, letrista e compositor